Meu filho não dorme – Parte 2 

A abordagem dos distúrbios do sono consiste em etapas: 1) identificação da causa do problema; 2) remoção desta causa; 3)higiene do sono; 4) abordagem comportamental e 5) terapêutica medicamentosa – esta, em casos excepcionais.

As principais causas de distúrbios do sono são: medo e ansiedade (remover motivo e reintroduzir gradativamente o dormir sozinho); distúrbios de associação do início do sono (reduzir a intervenção dos pais na indução do sono, treinando as crianças a dormirem diretamente no berço ou cama com seus objetos de transição – naninhas, bichos de pelúcia, etc.); retirar alimentação da madrugada (não deve ocorrer em nenhuma criança a partir dos 6 meses de idade, salvo alguma indicação médica excepcional, pois além de não ser necessária metabolicamente, aumenta os episódios de despertar noturno e condiciona a fome a este período, além de induzir cárie).

A abordagem comportamental depende muito do grau de comprometimento de todos os cuidadores, a ambivalência de opiniões deixa a criança insegura. Abaixo apresento um guia simplificado das técnicas comportamentais mais atuais:

1) certifique-se que a rotina de sono do dia está correta. Sonecas não devem exceder às 16 horas, nunca superiores a 2-3 horas. A maioria dos lactentes precisa de soneca à tarde. Não tê-la os deixam mais agitados e piora o sono noturno. Sonecas muito longas reduzem o sono continuo e profundo da noite.

2) garanta uma boa higiene do sono com uma rotina consistente e regular: mesmo horário, mesma sequência de atividades (jantar/mamar, banho, pijamas, escovar os dentes, leitura ou música calma, por exemplo). Não utilizar nenhum meio eletrônico nas 2 horas anteriores ao horário de dormir.

3) coloque a criança para dormir no seu berço ou cama, acalme-a e, se necessário, conforte-a com um objeto de transição;

4) alguns horários são mais comuns os despertares: 22h, 2h-3h. Quando ocorrer, intervenha o mínimo possível e evite retirar a criança do leito.

5) após algum tempo de adaptação, passe a não mais ir ao quarto da criança quando ocorrer choro ou for chamada(o). Fale que você está ali e que ela não precisa se preocupar. Após acalmar-se e dormir, cheque se está tudo bem.

6) por último, deixe-a usar seus próprios recursos de reiniciar o sono. Deixe-a chorar por até 15 minutos, sem intervir. À medida que a criança e você estiverem mais adaptadas, prolongue o tempo de intervenção. Mas, no final, sempre cheque se está tudo bem com sua criança.
Talvez o aspecto mais importante a ser abordado seja a insegurança dos pais em tolerar a negativa aos seus filhos. Criar bons hábitos não é fácil para ninguém, mas saibam que por mais que seja difícil ouvir um filho chorar ou que seja muito gostoso dormir com eles na cama, em longo prazo, ensiná-los a serem independentes e emocionalmente estáveis, vale muito a pena.

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